sexta-feira, 31 de outubro de 2014

A REDENÇÃO

Seria redundante falar de um baiano que chegou contestado em Belém para fazer história balançando redes e derrubando gigantes. Não foram tantos gols é verdade, mas neste caso a quantidade dá lugar cativo à qualidade. Pelos pés dele o Paysandu conheceu a América e a América conheceu o Paysandu.
Não é deste personagem, contudo, que quero falar.
É bem verdade que estas linhas procuram fazer justiça e anunciar a redenção de um ídolo que ao sentar na cadeira de Presidente já havia embalsamado seu nome nos anais do clube, como fez, anos atrás, no time.
A este sim, com todas as letras, quero me ater.
Vandick José de Oliveira Lima ao ser eleito no final de 2012 tornou-se o primeiro mandatário conduzido ao posto de forma direta pela vontade soberana dos bicolores, vencendo de forma contundente uma gestão que se vangloriava de ter recolocado o Paysandu entre os 40 maiores clubes do Brasil. A oposição elegeria o seu primeiro presidente em nove décadas.
Isso já bastaria para torna-lo uma figura histórica, mas Vandick foi além. Ganhando as eleições, não tinha a mínima ideia que havia quebrado uma escrita impoluta. Os últimos meses de 2012 colocariam frente a frente dois craques dos campos que seriam os únicos a atingir a Presidência. Mimi Sodré em 1920 e o filho de Coité 96 anos adiante.
Pois bem. A predestinação seria inversa.
Já no clamor de 2013, fora do campo, conduziria o time ao 45º estadual (como Mimi também havia feito) e teria o desafio de provar que poderia ser decisivo pensando por si só. Enfrentou uma Série B frenética e logo retornou ao inferno. A partir dali, o Vandick que se agigantou nos gramados estaria próximo da crucificação em praça pública. Questionado, sofreu calado e aguentou as críticas, como fez com as vaias uma década antes.
Em 2014 as cobranças de um Centenário de títulos bateram a sua porta. No aspecto administrativo, inegavelmente, mostrou ser o bom e velho Vandick de Géssica. Mas ainda devia onde menos poderia dever, no futebol. E a conta chegou.
Esteve bem próximo de ser desintegrado da história ao flertar com a Série D até ser o destinatário de um milagre numérico, de uma classificação quase divina que para muitos, pessimistas, era somente adiar a catástrofe.
Daí, a predestinação atrapalharia o show e entraria em cena. Provou que Deus ajuda quem trabalha com seriedade e serenidade e, sobretudo, reafirmando a premissa de filmes clichês e desenhos de super-heróis: o bem sempre vence o mal.
A batalha de Juiz de Fora deu a vitória aos justos ao coroar um trabalho que esteve muito próximo de ser esquecido na selvageria pragmática do futebol, onde para erros não há perdões. Ruan, ao encobrir Rodrigo, não expulsou só a si, mas as dúvidas.
É evidente que um dos grandes responsáveis por este acesso foi Mazola que, de cara, caiu nas graças da Fiel. Como poucas vezes na história, o craque do time não estava no campo e sim na beirada dele. O time, sob o seu comando, imitou Cazuza e transformou o tédio em melodia.
Quanto à diretoria, cabe a redenção.
Aos bobalhões, as pamonhas.
Por Vincenzo Procópio (twitter: @VincenzoFilho)

**Fonte Blog Camisa AlviAzul/ESPNFC/ @Pedrox

Nenhum comentário:

Postar um comentário